domingo, 17 de dezembro de 2006

"Mapa Mundi" de Clara Pinto Correia


As Viagens imaginárias na história da Europa

Dizia-se que, algures no Oriente misterioso, no topo do mundo, como mandavam as convenções dos mapas da época, estaria o Paraíso na Terra.

Dizia-se que, no Norte gelado, longe de tudo, se erguia uma enorme muralha de ferro.

Dizia-se que existia, algures na Índia desconhecida, um Papa-Imperador cristão.

Dizia-se que, na Mongólia longínqua, o Grande Khan estava prestes a converter-se ao cristianismo.

E dizia-se que, quanto mais longe se fosse, mais estranhas seriam as raças humanas, animais e vegetais que o viajante ousado encontraria no caminho.

Excerto:

Estrangeiro, não aflijas o meu pai, não aflijas a minha mãe, não me aflijas a mim.

Honra-me na cabana e entre os meus; eleva-me ao nível das minhas irmãs que se riem de mim. Estrangeiro, honesto estrangeiro, não me recuses; faz-me mãe; faz-me um filho que eu possa um dia passear pela mão, no Otaiti que vejam daqui a nove meses agarrado ao meu seio, de quem tenha orgulho.

Terei talvez mais sorte contigo do que com os meus jovens otaitianos.

Se me fizeres esse favor, nunca te esquecerei; abençoar-te-ei toda a minha vida; e quando tu deixares esta costa, as minhas preces hão-de acompanhar-te sempre sobre os mares até teres chegado ao teu país.»

Súplica de uma taitiana ao capelão do barco
em Supplément au voyage de Bougainville

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