sexta-feira, 17 de fevereiro de 2006

Orquestra Metropolitana de Lisboa no CCB

É com enorme probabilidade de acertar que um ouvido mais atento se aventura a adivinhar a proveniência de qualquer uma das obras que a Orquestra Metropolitana de Lisboa interpreta no dia 19 de Fevereiro pelas 17.00h, no Pequeno Auditório do Centro Cultural de Belém.

Independentemente da época que esteja em causa, o cariz da música francesa revela-nos sempre traços identitários bastante vincados.
Toda a sua importância manifesta-se quando consideramos os seus contributos para o decurso da História da Música. Basta recordar o surgimento da notação musical no século IX, a implementação da imprensa musical no início do século XVI ou o Tratado de Harmonia redigido por Jean-Philippe Rameau em 1722.

O programa abre com a primeira das duas suites que Georges Bizet (1838-1875) extraiu do seu melodrama «l'Arlésienne».
As breves passagens orquestrais que integram esta obra cénica, estreada em 1872, resultaram em quatro números musicais que, em grande medida, reflectem a intensidade expressiva que se veio a replicar três anos mais tarde na «Carmen».
Paradoxalmente, segue-se-lhe uma obra de um compositor alemão; Paul Hindemith (1895-1963).
Trata-se, todavia, da obra «Suite de Danças Francesas», um conjunto de orquestrações realizadas a partir de música impressa em França no século XVI - a exploração da sonoridade da música antiga, mediante a aplicação dos novos recursos instrumentais disponíveis, foi uma prática recorrente durante uma boa parte do século XX.

Todas as restantes peças são da autoria de músicos franceses.
De Hector Berlioz (1803-1869) será interpretado o «romance» para violino e orquestra «Rêverie et Caprice».
Originalmente concebido como ária de ópera, acabou por se tornar numa obra regularmente interpretada pelos mais famosos violinistas do século XIX. Também em «Tzigane», de Maurice Ravel (1875-1937), o violino assume a função de protagonista.
Nesta composição, todas os requintes da sonoridade da música cigana são colocados ao serviço da demonstração do virtuosismo do solista.
Neste caso, de Augustin Dumay, reputado violinista conhecido dos portugueses pela sua regular colaboração com Maria João Pires.
Do mesmo compositor será ainda escutada a suite «Ma Mère l'Oye», a orquestração de uma obra inicialmente concebida para dois pianos.
Pensada para ser tocada por duas crianças, mantém nesta versão de 1911 as suas cinco secções, em que cada uma ilustra um conto infantil.

O flautista Nuno Inácio, a mais recente contratação para os quadros da OML (Orquestra Metropolitana de Lisboa), será solista em «Memoriale», uma das obras mais meditativas de um compositor que identificamos sobretudo com os procedimentos mais ousados do vanguardismo dos anos cinquenta: Pierre Boulez (1925).

Por último, referimos que esta a obra está inspirada num poema de Stéphane Mallarmé e nela a flauta expressa os sonhos de um fauno.. «Prélude à l'Après-Midi d'un Faune» é a primeira obra orquestral verdadeiramente importante do catálogo de Claude Debussy (1862-1918).

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