A Extremadura no Teatro Nacional D. Maria II
O Teatro Nacional D. Maria II, em parceria com a Junta da Extremadura, apresenta, de 8 a 11 de Fevereiro, vários espectáculos provenientes desta região.
Quatro dias dedicados ao melhor teatro e música extremenha nos palcos da Sala Garrett, da Sala Estúdio e do Átrio.
Com este evento o TNDM II pretende contribuir para o desenvolvimento das relações entre Portugal e Espanha e fortalecer os laços de amizade transfronteiriços.
“Nós como Tempo”
Cada vez mais nos apercebemos que a cultura não é um bem individual. Pelo contrário, ela pode ser um factor de união entre povos e algo que, felizmente, os transcende. Tal é o caso de Portugal e Espanha, dois países vizinhos cujas raízes na Península Ibérica são comuns. A grande casa em que navegamos é o mundo e torna-se, por isso, urgente desenvolver as relações transfronteiriças e, a partir das raízes conjuntas, anunciar futuros encontros.
É nesse contexto que apresentamos estes quatro dias dedicados à Extremadura, com uma programação que vai desde o teatro, com Soliloquio de Grillos da Companhia de Teatro Triclininum e Solo Hamlet Solo apresentado pela Companhia E de Streno, até à música, destacando-se as sonoridades diversas de Gecko Turner, Los niños de los ojos rojos, o flamenco de La Familia Vargas, El Lusitania Jazz Machine e Luis Pastor que, acompanhado pela Orquestra Sinfónica da Extremadura, canta o Nobel português José Saramago.
Num país que por vezes esquece as suas raízes históricas, esta mostra é também uma reflexão sobre a necessidade de vencer fronteiras, de nos empenharmos numa efectiva cooperação cultural, enriquecendo ainda mais a visão sobre os dois países. O teatro, como a música, permitem, justamente, construir um universo dramático e artístico que, corporizados em personagens e sonoridades, confrontam as perplexidades da vida. Esta iniciativa é, pois, uma forma de consolidar aquela que esperamos ser uma longa amizade com a Extremadura espanhola e uma coexistência de visões que, embora geograficamente próximas, até então inexplicavelmente afastadas, se observem mutuamente e cresçam nessa observação.
Este derrubar fronteiras pode ser uma forma de construir uma identidade que, ao longo dos séculos, foi submetida a duras e terríveis privações. Mas a história, como a memória, servem apenas para recapitular a vida de um povo. É urgente, por isso, viver do futuro, dos projectos e sonhos que nos fazem ir mais além. Porque é importante saber o «lugar» que ocupamos no mundo e em relação aos outros. De que forma o que se passa em nosso redor pode ser fundamental para alargarmos o mudo diálogo connosco mesmos.
É com esta irresistível vontade de (re)descoberta que queremos proporcionar este olhar sobre o que de melhor se produz na vizinha Extremadura. Uma outra forma de nos pensarmos ou, como bem disse Eduardo Lourenço, “o Tempo – nós como Tempo – tornado sensível, audível, dizível.”
Carlos Fragateiro (director do TNDMII)
José Manuel Castanheira
A presença habitual de artistas portugueses nos palcos e museus da Extremadura tem contribuído para que Portugal ocupe um lugar importante na vida cultural desta região. Nesta ocasião, é a cultura da Extremadura que se aproxima de Lisboa com vários espectáculos para apresentar uma pequena mostra da vivacidade, criatividade e do que é a sociedade actual na Extremadura.
Junta de Extremadura
Programa:
8 de Fevereiro
Sala Estúdio – 19h00 – Soliloquio de Grillos, pela companhia de teatro Triclinium, encenação de Esteve Ferrer. Um espectáculo baseado num texto do poeta e dramaturgo Juan Copete que aborda um acontecimento real, passado durante a Guerra Civil espanhola.
Sala Garrett – 21h30 – Gecko Turner, concerto do cantautor extremenho, a sua música é rica pela variedade de sonoridades e ritmos com que se cruza: soul, reggae, bossa-nova, samba, funk, afrobeat e o flamenco, o ritmo característico do sul da península.
9 de Fevereiro
Sala Estúdio – 19h00 – Solo Hamlet Solo, espectáculo de Miguel Murillo com encenação de Jesus Manchón. Uma releitura do clássico de Shakespeare.
Sala Garrett – 21h30 – Los Niños de los Ojos Rojos, em concerto. Esta banda apresenta um trabalho carregado de ares balcânicos, hip hop, fusão, beat box, música tradicional irlandesa e estribilhos e canções com uma sonoridade contagiante.
10 de Fevereiro
Sala Garrett – 21h30 – La Familia Vargas, concerto. Constituída por Miguel Vargas e os seus filhos Juan e Domingo, La Familia Vargas é hoje um dos mais genuínos expoentes do flamenco.
11 de Fevereiro
Sala Garrett – 18h00 - Orquestra Sinfónica da Extremadura + Luis Pastor concerto. Luis Pastor canta o Nobel português José Saramago acompanhado pela Orquestra Sinfónica da Extremadura.
Átrio – El Lusitania Jazz Machine – 21h30 – El Lusitania Jazz Machine é um bom exemplo do “jazz world”. Reunidos no mesmo grupo, instrumentistas extremenhos e portugueses utilizam temas próprios e populares, expressando a realidade de uma música transfronteiriça.
Ficha Técnica:
Soliloquio de Grillos de Juan Copete
COMPANHIA DE TEATRO TRICLINIUM
encenação espaço cénico ESTEVE FERRER
desenho de luz JUANJO LLORENS
figurinos EDUARDO ACEDO
direcção técnica PEDRO RODRIGUEZ
produção executiva ANDREA MOVILLA
produção TRICLINIUM TEATRO
com PAQUI GALLARDO MEME TABARES PACA VELARDIEZ
Vozes: RAQUEL BAZO ANA MARTÍN ESTEBAN G. BALLESTEROS FERNANDO RAMOS PEDRO RODRÍGUEZ JUAN CARLOS TIRADO LALI DONOSO LOURDES GALLARDO JESÚS MANCHÓN ESTEVE FERRER CISCO GALLARDO
COMPANHIA DE TEATRO TRICLINIUM
encenação espaço cénico ESTEVE FERRER
desenho de luz JUANJO LLORENS
figurinos EDUARDO ACEDO
direcção técnica PEDRO RODRIGUEZ
produção executiva ANDREA MOVILLA
produção TRICLINIUM TEATRO
com PAQUI GALLARDO MEME TABARES PACA VELARDIEZ
Vozes: RAQUEL BAZO ANA MARTÍN ESTEBAN G. BALLESTEROS FERNANDO RAMOS PEDRO RODRÍGUEZ JUAN CARLOS TIRADO LALI DONOSO LOURDES GALLARDO JESÚS MANCHÓN ESTEVE FERRER CISCO GALLARDO
SINOPSE
“Soliloquio de Grillos” é uma peça baseada num texto do poeta e dramaturgo Juan Copete que aborda um acontecimento real, passado durante a Guerra Civil espanhola. A história é sobre três mulheres desaparecidas na Guerra que são encontradas em valas comuns e que regressam à vida através das recordações e da fusão mágica entre o presente e o passado. Esta viagem é, sobretudo, uma busca da justiça e da dignidade que se deve aos mortos mas, acima de tudo, aos sobreviventes. Três personagens gritam e reivindicam a partir de um túmulo sem nome o reconhecimento das suas vidas. São três mulheres muito diferentes nos seus costumes e no seu modo de entender a vida, porém, estão unidas pelo drama, não já da Guerra Civil, mas das suas consequências, da repressão posterior que durou vários anos.
Três actrizes escondidas nos ossos de três mulheres que fugiram por entre caminhos e sendas de matos e bosques ou abraçaram a miragem republicana de uma Espanha sem misericórdia que se pretendia livre. Três mulheres repletas de medos e sonhos falsos, inventando futuros para neles se refugiarem. Trocam-se palavras de rancor, mas também diálogos de esperança, recordações que se insinuam tão altas que nem o som dos grilos os pode calar.
Solo Hamlet Solo
de Miguel Murillo a partir de Shakespeare
COMPANHIA E DE STRENO
encenação JESÚS MANCHÓN
cenografia MIKELO BRIKOMERIDA SIDOFORMA
figurinos EVA LEÓN LUISI PENCO ISABEL GAMA
música TUTXI
assistente de encenação JOHNNY DELIGHT
coreografia LOLA PRIETO
adereços ISABEL BORRALLO
maquilhagem PEPA CASADO
animação MIKELO ALEX PACHÓN
vídeo RUBÉN PRIETO
desenho de luz FRAN CORDERO
operação de luz JAVIER MATA
desenho de som TUTXI
operação de som I.S.S
produção E DE STRENO
com JOSÉ VICENTE MOIRÓN
SINOPSE
Encontrando-se num campo de batalha, desprovido de qualquer coordenada temporal, Hamlet surge acompanhado apenas pelos seus fantasmas. Representando aquela que é a condição humana, um passado que é uma referência mas que se desvanece quando deixamos de olhar para ele e um futuro que se confunde, inevitavelmente, com o passado, Hamlet chega a esse futuro. A personagem carrega a fúria de um passado que só tem sentido a partir de uma promessa sagrada feita a um espectro, o espectro do seu pai, assassinado pela ambição, traído. Afastando-se daquilo que se julgaria ser uma narração ou um monólogo, este espectáculo reflecte sobre os conflitos que estiveram subjacentes ao processo de criação desta peça, entre eles, o que terá levado Shakespeare a desenhar o melhor retrato cénico da loucura humana, aquela que engendra deuses, espectros, profetas, amores inacessíveis, arte, guerra, morte e esquecimento. No final, deparamo-nos com um Hamlet comprometido até às últimas consequências com a sua causa e generoso com o público por nos permitir desfrutar de outras onze personagens que o convidam a aceitar a sua realidade.
de Miguel Murillo a partir de Shakespeare
COMPANHIA E DE STRENO
encenação JESÚS MANCHÓN
cenografia MIKELO BRIKOMERIDA SIDOFORMA
figurinos EVA LEÓN LUISI PENCO ISABEL GAMA
música TUTXI
assistente de encenação JOHNNY DELIGHT
coreografia LOLA PRIETO
adereços ISABEL BORRALLO
maquilhagem PEPA CASADO
animação MIKELO ALEX PACHÓN
vídeo RUBÉN PRIETO
desenho de luz FRAN CORDERO
operação de luz JAVIER MATA
desenho de som TUTXI
operação de som I.S.S
produção E DE STRENO
com JOSÉ VICENTE MOIRÓN
SINOPSE
Encontrando-se num campo de batalha, desprovido de qualquer coordenada temporal, Hamlet surge acompanhado apenas pelos seus fantasmas. Representando aquela que é a condição humana, um passado que é uma referência mas que se desvanece quando deixamos de olhar para ele e um futuro que se confunde, inevitavelmente, com o passado, Hamlet chega a esse futuro. A personagem carrega a fúria de um passado que só tem sentido a partir de uma promessa sagrada feita a um espectro, o espectro do seu pai, assassinado pela ambição, traído. Afastando-se daquilo que se julgaria ser uma narração ou um monólogo, este espectáculo reflecte sobre os conflitos que estiveram subjacentes ao processo de criação desta peça, entre eles, o que terá levado Shakespeare a desenhar o melhor retrato cénico da loucura humana, aquela que engendra deuses, espectros, profetas, amores inacessíveis, arte, guerra, morte e esquecimento. No final, deparamo-nos com um Hamlet comprometido até às últimas consequências com a sua causa e generoso com o público por nos permitir desfrutar de outras onze personagens que o convidam a aceitar a sua realidade.
Todos os espectáculos têm entarda livre.
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