quarta-feira, 27 de setembro de 2006

Schostakovich Desconhecido no CCB

CICLO SCHOSTAKOVICH:
THE UNKNOWN SHOSTAKOVICH (Schostakovich Desconhecido) –
Documentário
Realizado por PETER ROBERTSON
Autoria e produção de LEWIS OWENS
28 SET. 5ª FEIRA 21H
SALA LUÍS DE FREITAS BRANCO CCB


Duração aproximada: 1h30 s/intervalo
Legendado em português

Produzido para estreia em televisão no ano do centenário, este documentário, com uma duração de 50 minutos, foi realizado por Peter Robertson e escrito e produzido por Lewis Owens, presidente da Sociedade Schostakovich na Grã-Bretanha.

O filme esclarece-nos sobre a dimensão privada do grande compositor russo, nascido em 1906 e falecido em 1975.

Filmado em São Petersburgo, Moscovo, Paris, Viena, Londres, Lucerna e Milão, contém entrevistas com intérpretes da sua música, membros do seu círculo de amigos e com o seu filho Maxim.

Participam no filme, entre outros, o maestro Valery Gergiev, o pianista Vladimir Ashkenazy e o poeta Yevgeny Yevtushenko.

O documentário apresenta também detalhes sobre o diário pessoal de Schostakovich – no qual ficamos a conhecer a sua paixão pelo futebol – e primeiras execuções de obras como a transcrição da 4.ª Sinfonia para dois pianos e excertos de um quarteto inacabado.

A apresentação do documentário será feita pelo seu autor, Lewis Owens, que no final discutirá com o público aspectos da vida e da obra de Schostakovich.


LEWIS OWENS estudou no Queen’s College, Universidade de Cambridge onde, entre 1993 e 1996 obteve o B. A. (Bachelor of Arts) em Filosofia e Teologia.
Foi galardoado com Distinção Máxima em Dissertação. Entre 1996 e 2000 concluiu o doutoramento em Filosofia/Literatura.
Em Outubro de 2003 assumiu o cargo de presidente da UK Shostakovich Society e trabalhou de perto com os centros Schostakovich em Paris e Moscovo, bem como com a família de Schostakovich e os mais prestigiados músicos e orquestras.
Juntamente com Maxim Schostakovich, irá abrir no próximo mês o novo Arquivo Schostakovich no Centro de Música Russa do Goldsmiths College, Universidade de Londres.

Na sequência do seu doutoramento começou a leccionar no Queens’ College, Universidade de Cambridge. É membro do Centro de Música Russa do Goldsmiths College, Universidade de Londres, e já editou inúmeras publicações e apresentou conferências sobre Filosofia e Arte.


PETER MURDAY ROBERTSON nasceu em 12 de Julho de 1944 em Blyth, Inglaterra. Estudou Química na Universidade de Newcastle upon Tyne, entre 1965 e 1969, onde concluiu o bacharelato e o doutoramento.

Após doze anos de trabalho no Swiss Federal Institute of Technology, dedicou-se à indústria e liderou inúmeras empresas, tais como R+D na ATMI, FPM Analytics, Zellweger Analytics and Philips.
Fundou a sua própria companhia, Chemro AG, em 1991. Fez consultoria para a Soudronic, Shell, Amsterdam Hofmann-LaRoche, Basel.
Foi membro de diversas comissões científicas como Swiss Sensor Society, UNESCO e European Federation of Chemical.
Foi autor e co-autor de mais de 40 publicações científicas e de dez patentes.

Paralelamente, dedicou-se aos seus dois passatempo favoritos: o cinema e a música.

Em 1960 a fotografia tornou-se um hobbie muito frequente e venceu concursos fotográficos na escola. Em 1962 começou a filmar com uma câmara de oito milímetros.

Foi em 1961 que descobriu a música de Schostakovich. Daí em diante o seu interesse pelo cinema e pela música foi sendo cada vez maior.
Em 1966 foi secretário da Newcastle University Film Society e cameraman em algumas produções de estudantes.
Em 1967 obteve o 1º prémio como realizador atribuído pela Northern Arts Association, pelo seu filme Trio-KDF9.
Em 1987 começou a trabalhar em vídeo e em 1999 em computador.
Em 2001 adquiriu uma DVCAM camcorder especificamente para o projecto Schostakovich e, em 2005, iniciou uma colaboração com Lewis Owens, que teve como resultado o documentário “The Unknown Shostakovich”, apresentado pela primeira vez em 2006 na televisão sueca.


DMITRI SCHOSTAKOVICH nasceu em São Petersburgo, no dia 25 de Setembro de 1906. Mostrou uma precoce aptidão musical e estudou no Conservatório com Steinberg, Nikolaev e Glazunov.

A Revolução Russa de 1917 inspirou as suas primeiras tentativas sérias de composição que incluíram uma Marcha Fúnebre para as Vítimas da Revolução de Outubro.

Com a sua 1.ª Sinfonia – que obteve grande sucesso internacional seduzindo maestros como Toscanini, Bruno Walter e Klemperer – Schostakovich foi reconhecido na União Soviética como o compositor mais importante da sua geração e seguiu-se rapidamente um pedido para compor uma 2.ª Sinfonia, a fim de assinalar o 10.º aniversário da Revolução de Outubro. O jovem Schostakovich provou a sua versátil criatividade no teatro, no cinema e nas salas de concerto, identificando-se com as tendências mais progressivas da sua época.
Foi a sua 2.ª ópera, Lady Macbeth do Distrito de Mtsensk (e não O Nariz, a sua primeira ópera, radicalmente mais moderna), que levou à primeira crise da sua carreira quando, em 1936, o jornal Pravda (órgão oficial do Partido Comunista da União Soviética) a classificou como “Cacofonia em vez de Música”.

Depois da Segunda Grande Guerra, na companhia de outros distintos colegas, entre eles Prokofiev, Schostakovich encontrou-se com a segunda reprimenda do Partido que denunciou o seu recente trabalho como “formalismo burguês” (música sem conteúdo).

A liberalização anexa às políticas de Kruschev trouxe a sua reabilitação e o reconhecimento estatal.
As suas obras do último período são uma confrontação pessoal com a morte.
Pouco tempo após completar a sua elegíaca Sonata para Viola e Piano, o compositor sucumbiu a um ataque cardíaco em Moscovo, no dia 9 de Agosto de 1975.
[…]
Filipe Pinto-Ribeiro
Excerto do texto publicado no Jornal Schostakovich
CCB, Setembro de 2006

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