sexta-feira, 2 de março de 2007

A Morte de Danton na Garagem






Estreou ontem no Teatro Taborda, pelo Teatro da Garagem, a peça "A Morte de Danton na Garagem", estando em cena até ao próximo dia 25.
Ao trabalhar o texto de Georg Büchner, A Morte de Danton, o Teatro da Garagem pretende dar a conhecer um clássico fundamental para a compreensão da sociedade contemporânea, através de uma abordagem “garagiana”, reflexiva e laboratorial.
Coube a Carlos J. Pessoa encenar e adaptar, em conjunto com David Antunes, A Morte de Danton, de Georg Büchner.

A plateia colocada de uma forma original, só umas cadeiras e almofadas que contornam a galeria, servindo o centro de continuação ao palco.
O espectáculo está estruturado em três planos: a Revolução, o Terror e o Teatro.

As personagens dividem-se em Brancos (partidários de Danton), Vermelhos (agentes do Terror) e Negros (partidários do Teatro).
Figura com lugar de destaque na história da Revolução Francesa, Danton é pretexto para que o dramaturgo George Büchner desenvolva temas como a dissolução dos sentidos, o vazio existencial ou a morte.

Büchner compara a Revolução a um cadáver: ideia adaptável à criação do espectáculo, a várias mãos, de forte componente pictural.

A peça coloca Danton a questionar a lógica absurda do poder que ajudou a instaurar e que a determinada altura se revela corrupto e aterrador.
O exercício dramatúrgico faz transportar esta realidade historicamente localizada para a contemporaneidade.
Georg Büchner parece atraído por uma ideia de Beleza redentora que não se confundindo necessariamente com a Arte Teatral para isso aponta, mais que não seja pelo facto de se dar ao trabalho de escrever teatro.

A confirmar esta ideia, e na peça em apreço, sublinhemos a personagem Camilo Desmoulins( Fernando Nobre).

Camilo ao afirmar, na cena 3 do 2º acto, a sua frustração perante a alienação geral do povo perante a Beleza da criação natural, em contraponto ao fascínio infantil pelas diferentes manifestações artísticas, entendidas como decadentes, tem claramente, a nosso ver, um discurso eminentemente estético, muito menos ideológico que Danton(Ana Palma) e ainda menos que Robespierre(Cláudio Silva).
Mas o autor não despreza Robespierre ou Saint-Just(Miguel Mendes) entende-os e diria até que os estima.
Eles são os pilares do discurso político, um discurso em que claramente o “interesse geral se sobrepõe ao interesse individual” numa espécie de elogio da firmeza moral.
Mas esta peça é, sobretudo, uma peça sobre a Morte, sobre a dissolução dos sentidos, sobre a vacuidade da existência humana.

Danton é o nome que a Morte apresenta.
Danton é o nome de todos nós.

“A Morte de Danton na Garagem”

Teatro Taborda de 1 a 25 de Março às 21h30

Bilhetes:

10€ público geral

5€ estudantes, <> 65 anos, reformados, profissionais do espectáculo, grupos > 10 pax

2,50€ residentes na zona, estudantes das artes do
espectáculo

Condições especiais para os Amigos da Garagem

Serviço de babysitting: 10 e 17 de Março das 21h00 às 23h30 serviço gratuito






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