quarta-feira, 30 de agosto de 2006

Andrómaca de Racine traduzida por Vasco Graça Moura

Êxito decisivo na carreira do dramaturgo francês Jean Racine, "Andrómaca" estreia-se em Novembro de 1667 para nunca mais abandonar os palcos da Comédie Française.

Em 1969, "O Amor Louco" de Jacques Rivette cristalizaria esta tragédia na história do cinema europeu, alternando cenas de uma ruína conjugal com ensaios de "Andrómaca" por uma companhia de teatro.

Depois de "Berenice" e de "Fedra", Vasco Graça Moura dá-nos em português um novo expoente da tragédia raciniana, história de amores demenciais em que o dever político e o ideal cívico arriscam perder-se na irracionalidade amorosa.

Bertrand Editora 6 de Setembro P.V.P.: 15.95

SINOPSE

Na posteridade da guerra de Tróia, Andrómaca, viúva de Heitor, morto por Aquiles, é prisioneira do filho deste, Pirro, rei de Epiro.

Andrómaca trouxe consigo Astianax, filho de Heitor e herdeiro do trono de Ílion, uma ameaça inadmissível para os gregos e a memória de um dos seus mais temíveis inimigos.

Racine abre a peça com o filho de Aquiles apaixonado pela sua prisioneira, que se mantém fiel ao marido defunto, e por quem está pronto a abdicar do seu dever de governante.

Promete-lhe um futuro de poder como esposa, a sobrevivência do filho, incorrendo no destino trágico de todos aqueles que na Grécia antiga ousam subordinar a política à paixão.

Acresce que Pirro se prometera a Hermione, filha de Helena, cuja beleza desencadeara a guerra de Troia.

Hermione deixa-se consumir pelo ódio ao noivo e pelos ciúmes de Andrómaca e planeia vingar-se.

Orestes, filho de Agamémnon, inimigo de Andrómaca determinado em aniquilar esta e o filho em nome do orgulho dos gregos, cede às falsas promessas de amor de Hermione, por quem se apaixona, para punir Pirro, contra os seus próprios ideais cívicos.

A passionalidade de Pirro, Hermione e Orestes contrasta com a lucidez calma de Andrómaca ao longo do texto, ilustrando a tensão, típica da obra de Racine, entre o racionalismo cartesiano e a irracionalidade provocada pela paixão.

O assunto de "Andrómaca" já tinha sido trabalhado por Eurípides e tem como uma das grandes fontes de inspiração a "Eneida" de Virgílio.

Note-se a importância da ascendência nesta peça: Pirro é filho de Aquiles, Hermione é filha de Helena, Orestes é filho de Agamémnon.

A ascendência, directamente ligada à guerra de Troia, evoca poderes e infortúnios que determinam a actuação das personagens.

VASCO GRAÇA MOURA Poeta, ensaísta, ficcionista, dramaturgo, cronista e tradutor.

Licenciado em Direito pela Universidade de Lisboa, Vasco Graça Moura é um dos nomes centrais da poesia portuguesa da segunda metade do Século XX.

O exercício da tradução tem sido um prolongamento natural da sua própria escrita, seja com Dante (de quem traduziu, na íntegra, A divina comédia e A vita nuova) e Petrarca, Shakespeare, Rilke ou Racine.

Recebeu inúmeros prémios literários, entre os quais o Prémio Pessoa (1995), o Prémio de Poesia do PEN Clube (1997), o Grande Prémio de Poesia da Associação Portuguesa de Escritores (1997) e o Grande Prémio de Romance e Novela APE/IPLB, 2004, bem como três prémios internacionais em Itália e Macedónia.

Em 1998 foi-lhe atribuída a Medalha de Ouro da Cidade de Florença pelas suas traduções de Dante.

Em 2002 recebeu também em Itália o prémio internacional “La cultura del mare”.

É oficial da Ordem de Santiago da Espada (1983) e da Ordem do Rio Branco (Brasil).

Sem comentários: