sábado, 20 de janeiro de 2007

Modify no CCB




MODIFY ZOO/THOMAS HAUERT

26 Janeiro 21h00 Pequeno Auditório
Centro Cultural de Belém

Execução, inovação ou entrega…

Forças que coincidem
Forças que dão forma à nossa vida
Forças que estão para além do nosso controlo
Obstáculos que temos de ultrapassar
Memórias que não podemos apagar
Tomar a iniciativa, agindo, reagindo
Ter liberdade dentro de certos limites
Mudar os limites previstos
Combinar influência e invenção
Constrangimento e flexibilidade

Uma dramaturgia/composição para o movimento.


Conceitos “exteriores” aplicados às mecânicas do corpo criam formas e estruturas capazes de evocar objectos concretos, conceitos abstractos ou estados afectivos.


MODIFY



Na origem do novo espectáculo de Thomas Hauert e da sua companhia ZOO, dois pontos de partida: por um lado, a busca de material de movimento tão vasta quanto possível e sem os preconceitos submetidos a um conteúdo prévio; por outro, a vontade de trabalhar sobre uma música existente, imposta como uma força exterior, com o seu ritmo, a sua melodia, as suas harmonias.


É a partir do confronto entre liberdade e coacção, tema central do trabalho de ZOO, que o projecto se desenvolveu intuitivamente tanto na forma como no conteúdo.


Esta tensão encontra-se a todos os níveis do projecto.

Para Thomas Hauert, a intuição é o primeiro passo do processo de criação.


Permite obter resultados bem mais complexos e inesperados do que um processo baseado na verbalização inicial.


Assim, o coreógrafo deixa voluntariamente os seus projectos em aberto, consciente de que o encontro entre a sua iniciativa e a dos bailarinos resultará num processo imprevisível.
O mesmo se passa com o significado do espectáculo: forma e conteúdo, material coreográfico e simbolismo desenvolvem-se paralelamente, numa ligação orgânica, sem que se possa verdadeiramente afirmar que um precedeu o outro.


O sentido emerge progressivamente a partir de preocupações latentes que procuram exprimir-se no trabalho sobre o movimento.


Para o coreógrafo, a consciencialização de uma intenção não implica forçosamente a capacidade de a verbalizar, pode até mesmo preceder essa verbalização. Pode-se “saber” sem poder “explicar”.
O sentido implícito sob forma latente nesta pesquisa fundamental sobre o movimento e o método de elaboração do espectáculo desenvolve-se e estende-se aos outros elementos cénicos. A opção musical recai sobre os Psalms of Repentence de Alfred Schnittke e sobre Music for the Royal Fireworks e Water Music de Georg Friedrich Handel. Estas peças foram escolhidas pelas suas qualidades musicais intrínsecas, a sua beleza mas também pelo seu simbolismo: a primeira poderá evocar o poder religioso; as outras, o poder secular que exercem sobre a nossa civilização ocidental. Assinada pelo artista Manon De Boer, a fotografia de cena, que constitui o decor representa um quarto.


A cama, lugar de intimidade e simultaneamente de muitas experiências, contrasta com um conjunto de objectos, recordações acumuladas ao longo da vida.
De realçar a fotografia, visualmente caótica e excessivamente grande, a música demasiado impositiva para seis bailarinos, as luzes de Jan Van Gijsel e os figurinos de Jeremy Dhennin e Laurent Edmond que se combinam para criar profundas sensações barrocas, procurando imergir o espectador na informação, desorientando-o, extravasando as suas capacidades mentais e convidando-o a abordar a peça de forma mais intuitiva.



InIciatIvas e intenções

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