segunda-feira, 22 de janeiro de 2007

Orchestrutopica




INTOLERÂNCIA


Luciano BERIO (1925-2003)
O King

Olivier MESSIAEN (1908-1992)
Quatuor pour la fin du temps


24 Janeiro 2007
Pequeno Auditório
21H00
Duração aproximada: 1H00 s/intervalo


Ciclo Intolerância: Música composta, criada, dedicada ou inspirada em tempo de guerra ou de opressão, em exílio político, religioso, estético ou ideológico, em ambiente de intolerância de qualquer tipo.

Eduarda Melo, soprano
Jean-Sébastien Béreau, maestro

Katharine Rawdon, flauta
Nuno Pinto, clarinete
Alexei Eremine, piano
José Pereira, violino
Alexei Tolpigo, violino
Guenrikh Elessine, violoncelo


CICLO INTOLERÂNCIA - A música nem sempre é composta simplesmente como uma manifestação de alegria, prazer ou exaltação da beleza e harmonia do mundo. A intolerância que tem assinalado muitos momentos da história e da vida de milhões de pessoas (incluindo os próprios compositores), também marca por vezes a música.

É o caso dos compositores e das obras que são apresentadas neste ciclo de concertos. Neste segundo concerto do ciclo, as peças escolhidas correspondem a respostas diferenciadas:

O King - de Luciano Berio, obra escrita há 40 anos, em 1967, como um tributo a Martin Luther King, Jr.. (No ano seguinte, perante o assassinato deste activista, Berio decide incorporá-la na Sinfonia (1969)).

Nesta peça, o único texto utilizado é "Martin Luther King", o nome do lutador pela liberdade e pela tolerância, o homem que sonhou um país sem segregação e sem violência racial.

A homenagem de Berio é assim uma expressão solidária, uma posição contra o destino da História.

Quatuor pour la fin du temps - A 15 de Janeiro de 1941, tendo como palco o campo de concentração nazi Stalag VIII-A (na Polónia), e perante uma audiência de 5.000 prisioneiros de guerra e guardas prisionais, Olivier Messiaen, estreou este Quarteto para o Fim do Tempo.

A peça foi composta durante a sua permanência neste campo de concentração.

O compositor tocou a parte de piano, os outros três intérpretes eram colegas prisioneiros de guerra.

Hoje, apenas podemos imaginar o que poderá ter sido esse concerto, as condições em que decorreu, a intensidade do momento, o silêncio e a atenção com que foi ouvido - e, de igual modo, podemos entender a angústia e o tom apocalíptico que marcam esta obra.

"Nunca antes fui ouvido com tanta atenção e compreensão." (Olivier Messiaen)

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