quinta-feira, 22 de março de 2007



PETIT PSAUME DU MATIN
Coreografia: JOSEF NADJ
Com DOMINIQUE MERCY e JOSEF NADJ

23 E 24 MARÇO 21H PEQUENO AUDITÓRIO CCB


ESTREOU NA BIENAL DE VENEZA, EM 28 DE SETEMBRO DE 2001

Música Tradicional Cambodja, Macedónia, Roménia, Egipto, Hungria

Michel Montanaro, excerto de “Maria “


Igor Stravinsky “Tango” – Edições Alphonse Leduc e Companhia


Figurinos Bjanka Ursulov


Luzes Rémi Nicolas assistido por Xavier Lazarini


Director Técnico, Director de Cena e Engenheiro de Som Steven Le Corre


Chefe Electricista Thierry Bouilhet


Produção e Promoção Martine Dionisio

Co-produção Centre Chorégraphique National d’Orléans (Bienal de Veneza) – Théâtre de la Ville (Paris).
Parte desta obra foi apresentada no Festival d’Avignon 1999 no âmbito do Vif du Sujet organizado por SACD.
Este espectáculo recebeu o Grande Prémio da Crítica de Dança 2001-2002 pelo Sindicato profissional da crítica de teatro, de música e de dança.

O Centre Chorégraphique National d'Orléans é subsidiado pelo Ministère de la Culture et de la Communication – DMDTS – DRAC du Centre, Ville d'Orléans, Conseil Régional du Centre, Conseil Général du Loiret.

Tem o apoio da CULTURESFRANCE (Ministério dos Negócios Estrangeiros) para as suas digressões no estrangeiro.



"Meu espírito pensa no meu espírito.
A minha história é-me estrangeira.
O meu nome espanta-me e o meu corpo é ideia.
O que eu fui está com todos os outros.
E nem sequer sou ainda o que vou ser."
Paul Valéry


“Desde o momento que descobri que uma pessoa ao subir ao palco cria um paradoxo, um mistério que se mantém indecifrável, prendi-me de imediato a este espaço teatral.

Mas o que há neste espaço que capta a minha atenção? – A relação subtil que se cria entre corpos vivos.

A imagem do corpo.

Primeiro uma imagem, não no sentido pictórico, mas antes a imagem que se transforma baseada numa sensibilidade puramente corporal – que muitas vezes resulta de situações ambíguas, de um certo processo de pensamento dissimulado.

Mas de que profundidade surgem movimentos capazes de criar esta linguagem, tão familiar e no entanto tão estranha, que partilhamos no instante em que a cortina sobe? Que linguagem é esta de que estamos a falar? – Talvez uma certa verdade escondida por detrás de todas as nossas máscaras e dos nossos gestos, uma verdade que o homem conscientemente procura silenciar.”
Josef Nadj



Peregrinos mágicos, aventureiros de espaços imaginários

Ambos são peregrinos mágicos, aventureiros de espaços imaginários, companheiros do círculo dos sonhos, artesãos de canções de gesta.

Transpõem para ao palco a fábula incessantemente renovada de uma humanidade irrequieta, incapaz de habitar este mundo sem continuar a alimentar a sua seiva poética.

Um dia, os caminhos destes dois viajantes de intensidades acabaram por se cruzar.

O ponto de encontro não poderia ter um nome mais apropriado: Au Vif du Sujet [No Centro da Questão].

Sob este título, o Festival d’Avignon e a SACD [Société des Auteurs et Compositeurs Dramatiques] propõem aos bailarinos que escolham um(a) coreógrafo(a) para lhes compor uma coreografia a solo.

Foi assim que Dominique Mercy e Josef Nadj acabaram por fazer uma paragem comum, mais dispostos a trocas do que a confrontos, prontos a dar corpo ao curioso encontro dos seus respectivos nomadismos.
Como defini-los? Josef Nadj é um fabricante de lanternas mágicas, um arquitecto de fantasmagorias, um xamã de imagens.

Depois do seu Canard pékinois [Pato à Pequim] de afamado paladar, ele redistribui os fantasmas da sua infância eslavo-húngara na inspiração deliciosamente burlesca de um teatro insone.
Dominique Mercy é um fogo-fátuo, um diabrete melancólico, simultaneamente palhaço lírico e actor trágico, com coração de criança.

No conjunto de peças que Pina Bausch coreografou desde os seus primórdios no Tanstheater de Wuppertal, ele é a espiga de trigo que segura a terra, ano após ano.


O solo inicialmente encomendado rapidamente se transformou num dueto

Dominique Mercy e Josef Nadj tinham seguramente estima recíproca que bastasse para não precisarem de se impressionar mutuamente.

E felizmente para este encontro, o solo inicialmente encomendado rapidamente se transformou num dueto.

Ao ensaiarem em estúdio algumas propostas conjuntas de movimento, foi esta própria troca que acabou por se tornar o centro do processo criativo.

Recordações de viagens, como cadernos de apontamentos cujas páginas se complementassem, e uma atracção comum por certas culturas e pelas formas de espectáculo que as reflectem: no espaço do seu encontro, Josef Nadj e Dominique Mercy transformaram a proximidade sentida numa arte da distância.

O corpo é a bagagem do bailarino; nele se depositam sensações, sabores, arquitecturas secretas. Quem mais conseguiria encontrar, na memória viva dos gestos e das atitudes, estas estranhas afinidades com figuras semi-humanas, semi-animais saídas de desenhos celtas, com poses de luta tiradas de gravuras do antigo Egipto ou ainda com a graça de um actor de kabuki? Qual é então a realidade das fronteiras? A fábula não abole a distância, antes joga com ela elasticamente.

Josef Nadj e Dominique Mercy conseguiram inventar o seu próprio kabuki, encontrar com um simples véu a essência do teatro de máscaras, revelar pernas coloridas como num misterioso ritual iniciático, perguntar «como vai isso?» numa vintena de línguas diferentes e, navegando tão livremente quanto possível no espaço do mundo, compor uma cosmogonia errante.

Se é verdade que, em certos momentos, eles parecem dançar isolados no sonho do outro, não é senão para melhor retomarem a viagem da troca, depois de liberta dos arquétipos que tinham até agora moldado a sua dança.

O seu dueto chama-se Petit psaume du matin [Pequeno salmo da manhã].

Do dia que nasce, guarda a frescura e a terna clareza.

Do recolhimento da oração, adopta a serenidade despojada. Irmãos na dança, Dominique Mercy e Josef Nadj, juntam-se num equilíbrio de apoios que por vezes se transformam em portés de uma extrema delicadeza.

“Trata-se de pegar no próprio ser do outro como um tesouro frágil e precioso, que é preciso proteger. É um sinal de extrema atenção em relação a este compromisso de ir em direcção ao outro”, esclarece Josef Nadj.
Jean-Marc Adolphe
Tradução : Ana Sampaio



JOSEF NADJ


Cidadão francês, nasceu em 1957 em Kanjiza, Vojvodina, uma região da ex-Jugoslávia.
Estudou arte e história da música na Universidade de Budapeste.

Paralelamente, recebeu aulas de wrestling e artes marciais e estudou expressão corporal nas classes de teatro e forma de movimento.

Aconselhado pelo seu professor de teatro, trocou Budapeste por Paris, onde chegou em 1980. Estudou na Ecole Internationale de Mimodrame de Marcel Marceau de 1980 a 1982, e posteriormente, de 1982 a 1983, na escola de Etienne Decroux.

Ao mesmo tempo, teve aulas de dança com Yves Cassati e Larri Leong, e com bailarinos japoneses.

Interessou-se pela actividade coreográfica ao fazer parte de diversas peças de coreógrafos importantes, como Papier froissé de Sidonie Rochon; Trahison man de Mark Tompkins; L’arbitre des élégances de Catherine Diverres; e Illusion Comique de François Verret e La (encomenda de GRCOP).
Entre 1983 e 1988 leccionou dança na Associação de Dança Contemporânea Graffiti em Aulnay-sous-Bois (Seine Saint-Denis).

Em 1986 fundou a sua companhia Théâtre JEL; em 1987 criou a sua primeira peça Canard Pékinois; em 1988 fez a primeira residência no Centre de Production Chorégraphique de Orléans; em 1989 em residência no Quartz iem Brest; em 1990 tornou-se “criador associado” do Centre de Production Chorégraphique de Orléans durante três anos; e em 1991 dirigiu o filme Tractatus bestial, durante a residência no TNDl em Châteauvallon e em 1994 em residência no Théâtre National de Bretagne em Rennes.

Desde 1995, Josef Nadj é o director do Centre Choregraphique National d’Orléans.

Exposições:


Em Novembro de 1996, paralelamente ao seu trabalho coreográfico, Josef Nadj apresentou a sua primeira exposição, Installations, que abrangia uma série de esculturas criadas à volta da noção do tempo, no Carré Saint-Vincent Scène Nationale de Orléans.
Esta exposição representa, acima de tudo, uma área de meditação, estimulando a importante reflexão sobre os seus trabalhos coreográficos.

Em Dezembro de 1997, estas esculturas, assim como um conjunto de desenhos e fotografias, estiveram patentes no Théâtre Vidy em Lausanne; em Janeiro de 1998, no Centre Culturel Jean Gagnant em Limoges; em Março de 1998, na Galerie du Lys em Paris; e em Fevereiro de 1999, no Phénix de Valenciennes.
Em Janeiro de 2000, Miniatures de Josef Nadj foram expostas em Douai.

Estes desenhos a tinta indianos parecem pequenas notas ou sketches, quase um diário íntimo. Mais tarde, em 2000, esta exposição esteve patente na Galerie du Lys, em Paris, fazendo parte duma exposição colectiva; na livraria Les Temps Modernes em Orléans; Chalon sur Saône e Remscheid; depois, em 2002, no Festival d’Avignon, Bruges e no Parc de la Villette; em 2003 no Volcan Scène Nationale de Le Havre; e em 2004 na Trident Scène Nationale de Cherbourg, no festival Mimos l em Périgueux,em Reggio Emilia em Itália e no Carré Saint-Vincent-Scène Nationale de Orléans.

Coreografias:


1987: Estreia da sua primeira peça “Canard Pékinois”
1988: “7 peaux de rhinocéros”
1989: “La mort de l’empereur”
1990: “Comedia tempio”.
1992: “Les échelles d’Orphée”
1994: “Woyzeck”
1995: “L’Anatomie du fauve”
1996: “Le cri du caméléon” para o Centre National des Arts du Cirque (National Center for the Arts of the Circus), “Les commentaires d’Habacuc”, e uma reposição de uma nova versão de “Woyzeck”
1997: “Le vent dans le sac”
1999: No âmbito do “Le vif du\nsujet” no Festival d’Avignon, Josef Nadj criou um dueto 1999: No âmbito do “Le vif du sujet” no Festival d’Avignon, Josef Nadj criou um dueto com Dominique Mercy, “Petit psaume du matin”, “Les veilleurs” e “Le temps du repli”
2001: “Les philosophes” e “Petit psaume du matin” (segunda parte)
2002: “Journal d’un inconnu”
2003: “Il n’y a plus de firmament” (encomenda do teatro Vidy-Lausanne E.T.E.)
2004: “Poussière de soleils”
2005: “Last landscape”
2006: “Asobu” e “Paso doble”


DOMINIQUE MERCY

Nasceu em 1950 na região de Bordéus.
Após três anos de estudos com Germaine Lalande, em 1965 Dominique Mercy juntou-se ao
corpo de bailado do Grand Théâtre de Bordeaux.

Foi convidado pelo Ballet Théâtre Contemporaine, desde a sua fundação em 1968, por Jean-Albert Cartier e Françoise Adret.

Inicialmente com sede em Amiens e a partir de 1972 em Angers, o BTC andou em digressão por França e outros países europeus com um novo repertório que reunia coreógrafos, artistas plásticos e compositores.

Quando se apresentou com Manuel Alum durante a sua estada nos Estados Unidos, conheceu Pina Bausch no Festival de Saratoga.


Trabalhou com ela desde 1973, data da criação do Tanztheater Wuppertal. Em 1976 e de novo em 1980, Dominique Mercy participou em duas produções do Theatrical Research Group da Opéra de Paris (grupo de dança moderna inserido na companhia nacional de bailado clássico), coreografado por Carolyn Carlson, wind-water-sand e the architects.

Também actuou com Peter Goss.
Após o seu trabalho com Carolyn Carlson, entre 1976 e 1977, fez pesquisa com Jacques Patarozzi e Malou Airaudo.

Fundaram o grupo La Main.
Leccionou, desde 1988, na Folkwang Hoschule em Essen-Werden.

É assistente de Pina Bausch.

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