quinta-feira, 30 de março de 2006

Mário Viegas em Santarém

O Centro Cultural e Regional de Santarém - Fórum Actor Mário Viegas em Santarém, vai ser palco, amnhã pelas 18 horas, do lançamento nacional da colecção MÁRIO VIEGAS - DISCOGRAFIA COMPLETA, uma edição de 12 livros mais CD de poesia, escritos e organizados por José Niza, com design gráfico de José Santa-Bárbara.

A sessão de apresentação desta obra será efectuada por José Niza, e contará com a participação de personalidades ligadas à carreira artística de MÁRIO VIEGAS, como Carlos Avilez (Teatro), Francisco Moita Flores (Escritor), Jorge Leitão Ramos (Crítico de Cinema e Televisão - Jornal Expresso), José Carlos Alvarez (Director do Museu do Teatro), José Jorge Letria (Poeta-Escritor - Vice-Presidente da Sociedade Portuguesa de Autores), José Fonseca e Costa (Realizador), José Manuel Mendes (Poeta-Escritor - Presidente da Associação Portuguesa de Escritores), José Mário Branco (Compositor - Produtor Discográfico), José Niza (Autor dos 12 livros da colecção), José Santa-Bárbara (Pintor-Escultor - Design Gráfico dos Livros), Manuel Freire (Presidente da Sociedade Portuguesa de Autores) e Nuno Teixeira (Realizador de Televisão), sendo Júlio Isidro (Rádio-Televisão) o moderador das intervenções.

Actor e declamador. Nasceu a 10 de Novembro de 1948, em Santarém e morreu a 1 de Abril de 1996, vítima de SIDA.
Iniciou a sua carreira em 1965, no teatro Círculo Cultural Scalabitano, estreando-se com a peça Trágico à Força, de Tchekov.
Em 1966, mudou-se para Lisboa, onde frequentou o Conservatório Nacional e a Faculdade de Letras.
Em 1967, integrado no teatro universitário de Lisboa, encenou e interpretou O Meu Caso, de José Régio.
Em 1968, estreou-se como actor profissional no Teatro Experimental de Cascais (TEC), em O Comissário de Polícia, sob a direcção de Carlos Avilez.
Em 1969, partiu para o Porto onde se matriculou na Faculdade de Letras, passando a integrar o teatro universitário daquela cidade, onde actuou em várias peças, das quais se destacam Fonteovejuna, de Lope de Vega, A Excepção e a Regra, de Brecht e Oração, de Arrabal.
Ainda em 1969, gravou o seu primeiro disco como declamador, Mário Viegas Diz Poemas.

Entre 1971 e 1975 cumpriu o serviço militar e, apesar de ter interrompido a sua vida profissional, continuou a desenvolver projectos, nomeadamente na área da poesia, como declamador, gravando quatro discos: Palavras Ditas (1972), A Invenção do Amor (1973), País de Abril (1974) e O Operário em Construção (1975), para além de ter participado no programa televisivo Disto e Daquilo, onde, sob várias figuras humorísticas, partia inúmeros discos do nacional-cançonetismo.

Estreou-se no cinema em 1975, no filme O Funeral do Patrão, de Eduardo Geada.
Ainda em 1975, fundou o teatro A Barraca, mas em 1976 já estava no Grupo de Teatro Hoje, onde fez Os Amantes Pueris, de Cromelynk, e O Equívoco, de Albert Camus, trabalhando igualmente na rádio como declamador.
Entre 1976 e 1977, foi co-autor e intérprete dos programas televisivos Ninguém e Peço a Palavra.
Ainda em 1977, frequentou o curso de actores e dramaturgia, ministrado por Augusto Boal, e começou a trabalhar no teatro A Barraca.

Seguiu-se um período de grande notoriedade pública, interpretando diversas peças, com enorme sucesso, em diversos grupos e companhias de teatro.
Entretanto, iniciou, em 1978, um programa de divulgação da poesia portuguesa, Palavras Ditas, que manteve até 1982.
Nesse mesmo ano, foi um dos fundadores do Novo Grupo, sediado no Teatro Aberto, onde interpretou O Suicidário (1983), A Última Gravação (1984) e Ubu Português (1984), entre outros trabalhos.
Em 1985 assumiu a direcção do Teatro Experimental do Porto (TEP), onde encenou cinco espectáculos, até 1987.
De regresso a Lisboa, assumiu a direcção da Sala-Estúdio do Teatro de São Luiz, onde funciona actualmente a Companhia Teatral do Chiado, fundada por si.
Nesse Teatro, apresentou a pré-candidatura à Presidência da República, numa encenação intitulada «Europa Não, Portugal Nunca», que constituiu um dos seus últimos trabalhos em teatro.

Distinguiu-se também como actor de cinema. A sua filmografia inclui Kilas, o Mau da Fita (1980), Sem Sombra de Pecado (1982), A Mulher do Próximo (1988), Os Cornos de Cronos (1990), A Divina Comédia (1991) e Afirma Pereira (1995). Da sua discografia como declamador, para além da já citada, destacam-se: Pretextos Para Dizer (1978), Humores (1980) e O Guardador de Rebanhos (1983).

A Câmara Municipal de Lisboa homenageou o actor pouco tempo antes da sua morte, dando o seu nome à Sala-Estúdio da Companhia Teatral do Chiado, sediada no Teatro São Luiz.

Mário Viegas foi um dos principais declamadores do séc. XX, rompendo com a tradição de João Villaret e impondo-se como o grande diseur, nos anos 70.

Como actor, diferenciou-se pela sua atitude insubmissa e provocadora, que desenvolveu em interpretações vigorosas e geniais, frequentemente pontuadas pelo humor inteligente, surrealista e negro.

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