domingo, 19 de março de 2006

Segue a minha Voz de Gonçalo Salgueiro

Em entrevista ao semanário Expresso, o fadista Gonçalo Salgueiro regressa com um novo álbum intitulado «Segue a Minha Voz».
O músico português apresenta um disco com canções inéditas, com algumas referências a escritores conhecidos, entre os quais Pablo Neruda e Florbela Espanca.
E, como não podia deixar de ser, canta um fado feito em homenagem a Amália Rodrigues, fadista já homenageada no seu primeiro álbum.

Qual a corrente de fado em que se integra?

Eu não gosto de categorizar o fado, não me integro em nenhuma corrente e integro-me em todas.
Desde que seja por respeito à arte que é o fado no seu geral, no seu todo, desde que respeite os sentimentos, os poemas, é nesse fado que eu me insiro.

Acha que canta o fado de forma clássica ou renovadora?

Eu canto o fado à minha maneira, agora se é clássico ou renovador, não sei [risos], isso vão ter que ser as outras pessoas a julgar, porque eu não tenho capacidade para isso.
Canto o fado à minha maneira, como posso, como o sinto.

O que traz este disco de novo em relação ao primeiro álbum?

O que tem de novo para já são os vários temas inéditos.
A grande diferença é que o primeiro foi um álbum de homenagem a Amália.
Portanto, foi um álbum que tratava da recriação de temas da Amália.

Neste disco, a maior parte do temas foi feita expressamente para mim, temas que, na sua maioria, são inéditos, sendo uma afirmação pessoal enquanto homem, enquanto artista.

Qual foi o critério de selecção dos temas para este novo trabalho?
Seguiu um critério pessoal?

Completamente pessoal.
A escolha dos temas é toda da minha responsabilidade.

A maior parte dos poetas que escolhi são nomes sonantes, mas não foi isso que me levou à escolha.
O facto de serem poemas que me fazem chorar e o facto de serem poemas que me fazem sonhar - foi esse o meu critério de escolha dos fados que canto neste álbum.

Porque aceitou musicar um poema de Florbela Espanca?

Eu pedi para que me musicassem, entre outros, um poema da Florbela Espanca porque são quadras muito bonitas, de que eu gosto muito. Aliás, como de toda a obra dela.
Sou um fã de Florbela Espanca.

Também colocou em pauta um texto de Pablo Neruda. Porquê?
O que significa ele para si?

Quanto ao Pablo Neruda, esse poema tem uma história, porque foi um soneto que o Neruda escreveu enquanto via Amália cantar em Paris e entregou-lho para ela cantar.
Pediu para que ela o cantasse como um fado e disse que o tinha escrito para ela.
Acho que o poema ficou perdido durante muito tempo, perderam-se as duas cópias.
Mas há muito pouco tempo o poema apareceu e foi entregue a outra fadista, cá em Portugal, para gravar, a D. Fernanda Maria.
E uma vez, por brincadeira, ela estava em ensaios e eu comecei a cantar o fado e ela gostou e portanto deu-mo para gravar [risos].

1 comentário:

Anónimo disse...

O rapaz canta mal porque quer! Este CD não abona nada nem a ele nem ao fado!

Pedro