terça-feira, 20 de junho de 2006

"Uma Pequena Flauta Mágica" de 21 de Junho a 4 de Julho na Gulbenkian



Para além de toda a carga alegórica e simbólica que evoca claramente os ideais da Maçonaria - a que Mozart estará ligado nos últimos anos de vida - A Flauta Mágica (1791) é uma ópera que nos fala da vida e do amor, ambos constantemente postos à prova e sujeitando os seus personagens aos mais duros testes. Quem não possui força de vontade, virtude e perseverança, não atingirá a comunhão e a felicidade de uma vida iluminada pelo amor.

Nesta ópera a magia encontra-se ao serviço da Sabedoria e do Bem, isto é, a flauta que Tamino toca tem poderes sobrenaturais: encanta os bons, põe os maus a dançar e seduz os animais, auxiliando-o deste modo a concretizar os seus objectivos e afastando-o dos obstáculos. Para além de uma flauta e de um jogo de sinos mágicos, Tamino e Papagueno contam ainda com a protecção e a orientação sábia de três meninos, que os vão guiando e encorajando ao longo de todo o percurso. São esses três meninos que salvam Pamina no final, quando esta quer cometer o suicídio por julgar que Tamino já não a ama, e são também eles, que mais uma vez, impedem Papagueno, desesperado por não ter conseguido encontrar a sua Papaguena, de se matar. Enfim, na realidade as crianças salvam o destino de toda a história, são os seus verdadeiros heróis e quem sabe se Mozart e Shikaneder não pretenderam propositadamente chamar a atenção para a grandeza das crianças, alertando os adultos para a importância de prestar mais atenção à sua sabedoria e perspicácia. Toda a mensagem se reveste de um simbolismo ainda maior pelo facto desta versão ser especialmente concebida e dirigida para crianças: os nossos pequenos heróis e o nosso público.

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