"Esodo" ("Êxodo") pela Companhia Pippo Delbono no Grande Auditório do CCB
13 e 14 de Julho, 21h
Esodo fala da separação, do êxodo de quem foi escorraçado da sua própria terra, de quem fugiu de uma ditadura, de quem ficou com uma alma num corpo. Com palavras de Brecht, Primo Levi, Charlie Chaplin, Pasolini e Nichiren Daishonin o olhar estupefacto permanece suspenso, enquanto é convidado a fazer uma reflexão sobre a guerra .
Nesta obra, cuja montagem se assemelha a uma espécie de composição cubista, Delbono prossegue a aventura humana e artística com as pessoas que constituem a sua Companhia. Esta é composta por uma quase tribo, em que convivem actores – formados por Delbono – com pessoas provenientes de realidades diferentes (de que é exemplo Bobò, um microcéfalo surdo-mudo encontrado no manicómio de Aversa, ou o sem-abrigo Nelson Fadel, refugiado do Sahara, entre muitos outros).
Depois de Barboni (1997) e de Guerra (1998), a peça Esodo (apresentada pela primeira vez em Dezembro de 1999, em Modena) prossegue com aquilo que é um idioma familiar a Delbono: uma forma de teatro em que vida e drama se encontram para explorar as verdades que só a ilusão do palco consegue alcançar.
Esodo é um espectáculo de grande beleza pelas imagens, pela sua densidade na loucura, no riso, no sofrimento. Teatralmente rico, situa-se entre a tragédia e as variedades, entre o sonho e a realidade cruel. Tem o poder de, simultaneamente, nos comover e provocar uma reflexão séria.
Não estou muito interessado no teatro que tem por objectivo comprazer-me, a mim, ou a um círculo restrito
de pessoas que têm o mesmo tipo de estrutura mental que eu e que reconhecem as mesmas referências culturais (...). O tipo de teatro que tenho em vista é o teatro das pessoas, completamente das pessoas – mas não um teatro fácil, antes pelo contrário: um teatro que implica mergulhar com honestidade em coisas que são complexas,
porque é isso que a vida é – complexa.
Pippo Delbono
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