Ano Mozart no CCB - Ciclo Ópera Video
ANO MOZART NO CCB – CICLO DE ÓPERA-VÍDEO
Apresentação de JOÃO MARIA DE FREITAS BRANCO
4, 11, 18, 25 Nov. e 2 Dez. Sábados 16h00
Sala Luís de Freitas Branco do Centro Cultural de Belém
Duração aproximada: 4h30 (com intervalo)
Co-produção: CCB/ Ginásio Ópera
Wolfgang Amadeus, o músico que chegou ao planeta no ano de 1756, entrando pela porta de Salzburgo, é, na companhia de Leonardo Da Vinci, o paradigma do génio.
Algo que só por si justifica permanente evocação, atitude que o simbolismo dos 250 anos convida a reforçar. O gesto criativo genial caracteriza-se pela dimensão de ruptura e de abertura ao infinito e, no caso Mozart, ele concretizou-se com singular frequência.
Neste ciclo, propõe-se a fruição analítica de todos os gestos dessa natureza e escala operados no campo da ópera (teatro musical) com a única excepção do que se denominou Zauberflöte, contemplado em outra parte da programação.
A abertura ao infinito é a hipótese da contínua multiplicação de leituras. E neste ciclo operístico tentaremos exercícios de leitura menos comuns.
A ópera-vídeo, forma de espectáculo criada pelo Ginásio Ópera em 2004 e desde então muito acarinhada pelo público, tem o atractivo de proporcionar uma multiplicidade de vivências artístico-intelectuais ao longo de três momentos diferenciados:
a) o do colóquio/recital, com a audição directa de partes da obra combinada com o esforço de racionalização analítica e o debate de ideias;
b) o do convívio com os artistas e oradores durante o lanche;
c) o da fruição de uma grande récita filmada, com a apresentação integral da obra executada por intérpretes de primeiríssimo plano.
Uma forma original de enriquecedora convivência com o genial Amadeus.
João Maria de Freitas Branco
Presidente do Ginásio Ópera
4 Novembro 16h00: COSÌ FAN TUTTE
Ópera buffa em dois actos, com libreto de Lorenzo da Ponte.
Estreou em Viena no Burgtheater em 26 de Janeiro de 1790.
"Così fa tutte" é uma ópera que foi escrita no sentido de divertir platéias e como tal tem os seus méritos. Não é, sem dúvida, uma obra prima.
E nem foi essa a intenção de Mozart.
Apesar disso, "Così" é, de suas obras, a que apresenta algumas das mais bonitas árias e a que apresenta o maior número de "cenas de conjuntos", duetos, tercetos e quartetos.
O libreto foi considerado "frívolo" pela crítica, o que não depõe em absoluto com a qualidade da criação.A história é simples e direta.
Disfarçados de nobres albaneses, Fernando e Guglielmo, tentam, cada um, seduzir a noiva do outro, e conseguem.
Don Alfonso, consegue ao fim aclarar a situação e reconciliar os casais.
Essa história singela, no entanto, faz com que directores de produção brinquem com o final, óbvio, e nem sempre acabam a ópera dentro dos limites estritos do texto.
Mozart foi inteligente o suficiente para deixar ambiguo este "finale".
E desde então "così fan tutte"...
Intérpretes
Larissa Savchenko – meio-soprano
Pedro Correia – barítono
Francisco Sassetti – piano
Convidada – Aline Hall
Vídeo: COSÌ FAN TUTTE, OSSIA LA SCUOLA DEGLI AMANTI
Fiordiligi – Edita Gruberova
Dorabella – Dolores Ziegler
Gugliemo – Ferruccio Furlanetto
Ferrando – Luís Lima
Despina – Teresa Stratas
Don Alfonso – Paolo Montarsolo
Wiener Philarmoniker
NIKOLAUS HARNONCOURT
1988 - Jean-Pierre Ponelle
11 Novembro 16h00: AS BODAS DE FÍGARO
Ópera buffa em quatro actos, libreto de Lorenzo da Ponte, baseado na peça de Beaumarchais (La Folle Journée, ou Le mariage de Fígaro).
Estreou em Viena no Burgtheater em 1 de Maio de 1786.
Para entender a relação entre O Barbeiro de Sevilha e as Bodas de Fígaro é preciso voltar ao final do século XVIII, quando Pierre Augustin Caron de Beaumarchais escreveu três comédias para teatro: O Barbeiro de Sevilla (1775), As Bodas de Fígaro (1784) e A Mãe Culpada (1792).
Em 1782, Giovanni Paisielo compõe a ópera O Barbeiro de Sevilha, que estreou em S. Petersburg (Rússia).
Em 1.786, em Viena (Áustria), Mozart estréia com grande sucesso As Bodas de Fígaro.
A história se passa 30 anos depois das aventuras de Fígaro em O Barbeiro de Sevilla.
Em 1816, Gioacchino Rossini estréia em Roma a mesma ópera.
Ambas baseadas no mesmo texto de Beaumarchais.
O Barbeiro, de Rossini, é a versão que se tornou conhecida em todo o mundo, rivalizando em popularidade com As Bodas de Fígaro, de Mozart.
Curiosamente, a história das Bodas é a vida de Fígaro e seu casamento 30 anos depois dos engraçados episódios de O Barbeiro de Sevilla.
A ópera As Bodas de Fígaro possui um rítmo alucinante em que as intrigas e situações hilárias acontecem muito rapidamente e o tempo todo.
Acto I
A história começa com Fígaro e Suzana, empregados do Conde de Almaviva, nas dependências da casa que lhes servirão de quarto quando se casarem.
Fígaro mede o espaço para colocação dos móveis.
O lugar não é adequado segundo Suzana e Fígaro tenta enumerar as vantagens enquanto que ela lembra que o Conde a assedia o tempo todo.
O Conde tem interesses em Suzana e pretende fazer o "direito do senhor", uma prática que lhe permitiria ter a primeira noite com a jovem e bela empregada.
O velho Dr. Bartolo odeia Fígaro e Marcelina, governanta de Bartolo, deseja estragar seu casamento e tê-lo para si.
Cherubino, um pajem adolescente e namorador, envolveu-se com Barbarina, filha do jardineiro António e pede ajuda a Suzana para não ser demitido pela Condessa.
Todos estes interesses acontecem simultaneamente, com os personagens se escondendo uns dos outros e sabendo dos envolvimentos de cada um.
Em tudo isto, Fígaro tenta preservar seu casamento.
Acto II
Nos aposentos da Condessa de Almaviva, Suzana e a Condessa falam da infidelidade dos homens quando Fígaro propõe seu plano para "pegar" o Conde.
Mandara uma carta avisando-o que a Condessa iria se encontrar com o seu amante.
Suzana marcara um encontro com o Conde e decidiu mandar Cherubino vestido de mulher.
Ela e a Condessa estão a vestir Cherubino quando o Conde chega.
Suzana e o rapaz escondem-se.
O Conde desconfiado sai para ir buscar ferramentas para arrombar o armário onde imagina estar o amante da Condessa.
Cherubino foge, o Conde retorna e encontra apenas Suzana escondida.
Nesta confusão, Fígaro vem ao quarto saindo depois.
Marcelina e Bartolo também chegam contando que Fígaro propusera casamento à governanta.
O acto termina com esta nova confusão.
Acto III
O Conde cheio de dúvidas sobre o que aconteceu, escuta Suzana que lhe promete de encontrar-se com ele como vingança contra Fígaro.
Ela, na verdade, seguindo o plano, combinara com a Condessa que iria no seu lugar.
Marcelina, D. Bartolo e D. Curzio, encontram-se com Fígaro dispostos a obrigá-lo a casar com Marcelina a quem supostamente prometera casamento.
Fígaro diz que não pode casar sem que seus pais autorizem e ele não os conhece.
Descobre-se, por causa de um sinal de nascença, que Fígaro é filho de Marcelina e Bartolo que o perderam quando pequeno e abraçam-no comovidos.
Outra confusão, já que Suzana vê a cena e pensa que seu futuro marido a está a trair.
Entre os preparativos para o casamento, Cherubino novamente vestido de mulher, é descoberto pelo pai de Barbarina.
Antes que seja expulso pelo Conde, Barbarina pede que o perdoe e autorize seu casamento.
Com a marcha nupcial casam-se Fígaro e Suzana.
Durante a cerimónia, Suzana entrega um bilhete ao Conde marcando um encontro.
Acto IV
Nova confusão, com Suzana e a Condessa invertendo os papéis para cumprir a convite ao Conde. Sem saber, Figaro está disposto a vingar-se de Suzana, contando à Condessa (Suzana) que seu marido irá encontrar-se com a criada.
Quando Fígaro descobre o disfarce de Suzana, finge pensar que ela é a Condessa e a corteja, o que acaba levando os dois a uma reconciliação.
O Conde por sua vez, pensa que a Condessa (Suzana) o está traindo e procura acabar com Fígaro.
No final, todos os equívocos se disfazem e são felizes para sempre (para sempre?).
Intérpretes
Ana Paula Russo – soprano
Pedro Correia – barítono
Kodo Yamagishi – piano
Convidado – Miguel Oliveira Silva
Vídeo: LES NOZZES DI FÍGARO
Il Conte di Almaviva – Dietrich Fischer-Dieskau
La Contessa di Almaviva – Kiri Te Kanawa
Susanna – Mirella Freni
Fígaro – Hermann Prey
Wiener Philharmoniker – Karl Böhm
Produção – Jean-Pierre Ponnelle
18 Novembro 16h00: DON GIOVANNI
Produção histórica da Ópera de Viena (1955)
Ópera (dramma giocoso) em dois actos, libreto de Lorenzo da Ponte.
Estreou em Praga no Teatro Nacional em 29 de Outubro de 1787.
Acto I
A história começa nas ruas da Sevilha, Espanha, do século XVIII.
Leporello, um criado, espera do lado de fora da casa do velho Commendatore enquanto seu patrão, Don Giovanni, está no interior.
Como sempre, Don Giovanni está tentando seduzir uma mulher: Donna Anna, a encantadora filha do Commendatore.
Leporello odeia o trabalho que faz; as horas são longas e stressantes e ele está cansado de encobrir a reputação de Don Giovanni, um cruel conquistador de mulheres.
Leporello está determinado a demitir-se e viver sua vida como um senhor.
De repente, Donna Anna sai correndo de casa, perseguida pelo apaixonado Don Giovanni, que está disfarçado.
Ela grita e corre, acordando seu velho pai, o Commendatore.
O Commendatore duela e ataca Don Giovanni, que por sua vez mata o velho.
Don Giovanni e Leporello fogem da cena do crime.
Donna Anna retorna com seu noivo, Don Ottavio.
Ela descobre o corpo de seu pai, mas não sabe quem o matou.
Ottavio jura que vai encontrar o responsável.
Mais tarde, Leporello diz a Don Giovanni que ele já teve o suficiente e que está deixando o seu trabalho, mas Don Giovanni nega-se a deixá-lo ir.
Donna Elvira logo entra na praça da cidade, magoada e desesperada para encontrar o homem que a seduziu e abandonou.
O culpado, claro, é Don Giovanni. A princípio, ele não reconhece Elvira, vendo-a apenas como uma adorável donzela em perigo.
Empolgado ao pensar em cortejá-la, Don Giovanni aproxima-se para lhe oferecer assistência.
Ela o reconhece e acusa-o de enganá-la com falsas promessas de casamento.
Ele foge, deixando Leporello para dar explicações.
Leporello informa a Elvira que ela é apenas uma das milhares de mulheres que Don Giovanni seduziu e prossegue lendo a longa lista das conquistas do nobre, Europa e Oriente Médio afora. Elvira jura vingar-se.
Voltando para casa, Don Giovanni conhece uma bela campesina, Zerlina, e seu futuro marido, Masetto. Don Giovanni os convida a celebrar o seu casamento em seu castelo e instrui Leporello a distrair Masetto, enquanto ele tenta convencer Zerlina a casar-se com ele, ao invés de Masetto.
E aparece Elvira, neste exacto momento, criando uma situação extremamente embaraçosa para Don Giovanni.
Ela adverte Zerlina sobre a verdadeira natureza de Don Giovanni.
Elvira e Zerlina saem de cena por um momento e entram Donna Anna e Don Ottavio.
Anna, ainda sem saber que Don Giovanni atacou e matou o seu pai, pede-lhe que a ajude a encontrar o assassino de seu pai.
Contudo, Donna Elvira volta e tenta convencer Donna Anna a não confiar em Don Giovanni. Irritado e frustrado, Don Giovanni leva Donna Elvira embora.
Donna Anna, agora, dá conta de quem é o assassino.
Ela pede a Don Ottavio para vingar a morte de seu pai; ele concorda.
Pensando não ter com o que se preocupar, Don Giovanni decide dar uma festa no seu castelo e convidar todas as suas recentes companhias.
Entre os convidados, três estão usando máscaras — Donna Elvira, Donna Anna e Don Ottavio. Enquanto todos dançam e se divertem na festa, Don Giovanni anda às voltas com Zerlina, decidido a seduzí-la.
Ela escapa e alerta o trio disfarçado que retiram suas máscaras no exacto momento em que Don Giovanni entra nos seus aposentos.
Ele dá-se conta de que foi "apanhado" e foge.
Acto II
De volta às ruas de Sevilha, Don Giovanni planeia outra "cilada".
Ele pede a Leporello que distraia Donna Elvira para que ele possa conseguir seduzir a criada dela.
Giovanni troca de roupa com Leporello e começar a "cativar" a criada de Elvira.
Ele é interrompido por Masetto e um grupo de campesinos que estão procurando Don Giovanni. Confundindo Giovanni por Leporello, os campesinos continuam com a sua busca, mas o sedutor convence Masetto a ficar para trás. Assim que ficam a sós, Don Giovanni ataca e fere Masetto. Don Giovanni sai e Zerlina aparece para encontrar Masetto e cuidar dos seus ferimentos.
Mais tarde, Leporello e Don Giovanni encontram-se no cemitério onde se estão escondendo.
O disfarçado Leporello também escapou por milagre: ele deixou o pátio de Donna Anna onde ela, Don Ottavio, Zerlina e Masetto, pensando que ele era Don Giovanni, estavam prontos para se vingar.
Ele revela sua identidade mas achou melhor sair de perto deles.
Don Giovanni e Leporello riem da sua fuga.
Os dois deixam de se vangloriar quando escutam a assustadora voz do Commendatore por perto, dizendo a Don Giovanni que sua risada vai ser silenciada antes que o dia acabe.
A voz vem da estátua — agora vivente — que marca a sepultura do Commendatore.
Sem acreditar no que ouvem e vêm, Don Giovanni pede a Leporello que convide a estátua para jantar com ele naquela noite.
A estátua aceita o convite.
Naquela noite, enquanto o jantar é servido, escutam-se os pesados passos da estátua aproximando-se.
Don Giovanni deixa a estátua entrar, mas ela nega-se a comer.
A estátua propõe que Don Giovanni junte-se a ela na mesa e os dois apertam as mãos.
A estátua exige que Don Giovanni se arrependa ou seja amaldiçoado.
Giovanni audaciosamente recusa.
A estátua arrasta-o às chamas do inferno.
No dia seguinte, as vítimas de Don Giovanni tentam reconstruir as suas vidas cantando o moral da história: "Tal é o fim de um malfeitor: a morte é a recompensa justa para uma vida esbanjada."
Intérpretes
Sónia Alcobaça – soprano
Pedro Correia – barítono
Kodo Yamagishi – piano
Convidada – Emília Nadal
Vídeo:
DON GIOVANNI
Don Giovanni – Cesare Siepi
D. Anna – Elizabeth Grümmer
D.Ottavio – Anton Dermota
D. Elvira – Lisa Della Casa
Leporello – Otto Edelmann
Direcção – Wilhelm Furtwängler
Encenação – Herbert Graf
25 Novembro 16h00: O RAPTO DO SERRALHO
Ópera em dois actos, com libreto de Emanuel Schikaneder.
Estreou em Viena no Theater auf der Wieden em 30 de Setembro de 1791.
Intérpretes
Ana Madalena Moreira – soprano
João Oliveira – baixo
João Lucena e Vale – piano
Convidado – Luís Miguel Neto
Vídeo: DIE ENTFÜHRUNG AUS DEM SERAIL
Osmin – Martti Talvela
Belmonte – Francisco Araiza
Konstanze – Edita Gruberova
Blonde – Reri Grist
Orquestra e coro da Ópera da Baviera
Direcção – Karl Böhm
Encenação – August Everding
2 Dezembro 16h00: A CLEMÊNCIA DE TITO
Ópera em dois actos, com libreto de Caterino Mazzolà adaptado de Metastásio.
Estreou em Praga no Teatro Nacional em 6 de Setembro de 1791.
Intérpretes
Larissa Savchenko – meio-soprano
Filipe de Brito Garcia – tenor
Joana Gama – piano
Convidado – Sérgio Azevedo
Vídeo: LA CLEMENZA DI TITO
Tito Vespassiano – Eric Tappy
Sesto – Tatiana Troyanos
Vitellia – Carol Neblett
Servillia – Catherine Malfitano
Annio – Anne Howells
Publio – Kurt Rydl
Konzertvereinigung Wienerstaatsopernchor
Wiener Philarmoniker
James Levine
1980 - Jean-Pierre Ponelle
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