Homenagem a Luciano Berio na Casa da Música
O compositor Luciano Berio, um dos nomes mais importantes da música italiana contemporânea, é homenageado pela Casa da Música num concerto encenado executado pelos solistas do Remix Ensemble, no sábado, 4 de Novembro, às 18 horas, na Sala 2 (com repetição no domingo, às 17 horas).
“Consequenza” é um concerto que inclui projecção de imagens e filmes, no qual os solistas do Remix Ensemble apresentam 13 novas composições de homenagem ao compositor, desaparecido em Maio de 2003.
Na origem de “Consequenza” estão as famosas “Sequenza” de Luciano Berio, obras famosas para instrumento solo.
“Consequenza” pode descrever-se, assim, como uma proposta de teatro musical, com um labirinto de sons que percorre diferentes estilos e humores, desde a mais plena contemplação ao maior virtuosismo.
No final, os solistas reúnem-se para tocar a mais recente criação de Pascal Dusapin, propositadamente escrita para encerrar “Consequenza”.
Nascido em 1925, em Oreglia (noroeste da Itália), Luciano Berio projectou-se como músico para níveis de uma genialidade artística incontroversa.
Começou a estudar música com o pai, o organista Ernesto Berio, e mais tarde ingressou no Conservatório de Milão.
A princípio pensou tornar-se pianista, no entanto uma lesão na mão direita obrigou-o a concentrar-se na disciplina de direcção orquestral, que cursou com Carlo Maria Giulini.
Em 1945, Berio descobriu o repertório de ,Schoenberg ,Berg e Webern, facto que o marcou profundamente.
O seu casamento, em 1950, com a soprano americana Cathy Berberian, a quem dedicou a maior parte da sua obra vocal, terá contribuído para a sua ida para os Estados Unidos, em 1951, onde estudou com o compositor italiano Luigi Dallapiccola em Tanglewood que lhe incutiu o gosto pelo serialismo.
Mais tarde, frequentou a Internationale Ferienkurse fur Neue Musik em Darmstadt, onde conheceu e privou de perto com Pierre Boulez, Cage, Stockausen e Bruno Maderna, fundando com este o Studio di Fonologia Musicale de Milão, pertencente à RAI, que dirigiu entre 1954 e 1959.
A partir de 1960, deu aulas na Juilliard School de Nova Iorque e nas Universidades de Columbia e Harvard e, entre os anos 1973 e 1980, foi colaborador de Boulez no IRCAM - Instituto de Criação e Pesquisa Contemporânea, de Paris.
Em 1987 fundou outro estúdio de música eletrônica, o Tempo Reale, em Milão.
Uma de suas mais bem sucedidas obras foi o grupo de peças intitulado "Sequenza", para instrumentos solo, sempre com a marca do experimentalismo.
A primeira foi composta em 1958, “Sequenza I” para flauta, e terminou em 1988 com “Sequenza XI” para violão.
Quando Berio presenciou uma apresentação do violonista austríaco Eliot Fisk, resolveu compor para ele a sua “Sequenza XI”, uma peça com a duração de 16 minutos repassada de estilo flamenco (porque Fisk tocava peças espanholas no dia em que Berio observou a sua actuação).
Elliot Fisk gravou esta Sequenza em CD, em 1995, e a obra figura actualmente entre as mais importantes do repertório de música contemporânea para violão.
Estreado mundialmente em Estrasburgo, onde esgotou a sala e recebeu uma grande aclamação da crítica, e apresentado em Paris, com idêntico sucesso, este concerto, “Consequenza”, é uma encomenda da Casa da Música, co-produzida com o T&M (Théâtre et Musique) de Paris, o Festival de Música de Estrasburgo e Wien Modern, no âmbito do Rèseau Varèse (rede europeia para a criação e difusão musical do programa Cultura 2000 da União Europeia).
“As Sequenza de Luciano Berio” dão o mote para uma conferência que Pedro Amaral, compositor e autor de estimulantes programas radiofónicos sobre música contemporânea, apresenta às 16h30, pouco antes do concerto de sábado, 4 de Novembro, na Sala de Ensaio 2.
O acesso à conferência é livre, devendo ser feita uma inscrição prévia no acto de aquisição do bilhete para o concerto.
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