quarta-feira, 28 de fevereiro de 2007

O.N.P. toca compositores vienenses



ONP
Sábado, 3 de Março
Peter Rundel direcção musical
Carolin Widmann violino
18h00 Sala Suggia 15 €



O próximo concerto da ONP, a 3 de Março, apresenta na Casa da Música obras de Joseph Haydn e Alban Berg e duas sinfonias incompletas de Franz Schubert e Gustav Mahler, num espectáculo que evoca o meio musical vienense.


Dirigido por Peter Rundel, maestro titular do Remix Ensemble, o concerto decorre na Sala Suggia e conta com a participação da violinista alemã, Carolin Widmann.

Após a morte do seu patrono de há mais de 20 anos, o Príncipe Nicolaus Esterházy, Joseph Haydn (1732-1809) compôs “O Milagre” em 1790, a pedido de um violinista e empresário musical alemão radicado em Londres.


A 11 de Março do ano seguinte, esta obra estreava em Londres, abrindo o primeiro concerto dirigido por Haydn.


Curiosamente, a alcunha da obra, “O Milagre”, deve-se a um mal-entendido, uma vez que alude ao incidente da queda de um candelabro no meio do público, sem ferir ninguém, ocorrido durante a estreia da Sinfonia nº 102, e não desta.


Não há, ainda hoje, conhecimento de uma explicação que justifique a adopção desta alcunha por uma obra que não tem qualquer relação com aquela história.


A apresentação da Sinfonia nº 96 em Londres foi um sucesso que electrizou o público presente na sala e originou uma crítica no London Morning Chronicle na edição do dia seguinte que comparava Joseph Haydn e William Shakespeare.
Acompanhando a violinista alemã Carolin Widmann, a ONP executa, de seguida, “À Memória de um anjo”, de Alban Berg (1885-1935), uma obra que ilustra o equilíbrio entre as suas características técnicas e as circunstâncias biográficas e existenciais que caracterizavam o período em que foi composta.


Este concerto para Violino e Orquestra foi escrito sob a influência da morte da jovem Manon Cropius, de 18 anos, ocorrida a 22 de Abril de 1935.


A composição da obra foi concluída no Verão de 1935, numa altura em que, gravemente doente, Berg sentia a iminência da sua própria morte.


Uma infecção sanguínea generalizada acabaria por provocar-lhe a morte, na noite de Natal desse mesmo ano, vindo a obra a ser estreada em 19 de Abril de 1936 pelo violinista alemão Louis Krasner, durante o festival Mundial da Sociedade Internacional de Música Contemporânea, em Barcelona.

A segunda parte do concerto tem início com a execução do Andante da Sinfonia nº 9 (10?), de Franz Schubert (1797-1828).


O projecto desta sinfonia inacabada, em que apenas o Andante foi concluído, remete para os dois últimos meses da vida de Schubert, morto a 19 de Novembro de 1828.


Nesta fase atribulada, o compositor aparentava estar a tentar novos caminhos para a sua obra que contrariasse o afastamento entre o gosto do público e as suas próprias exigências pessoais. Doente e antevendo já a morte, Schubert fez um esquisso da obra, quando normalmente escrevia directamente na partitura, e começara, dias antes, a ter aulas de contraponto com Simon Sechter, professor de composição do Conservatório de Viena.


Mas a deterioração rápida do seu estado de saúde impediu a conclusão da obra, de que apenas o Andante foi concluído.
Finalizando o concerto, a ONP executa mais uma obra cuja concepção se iniciou nos últimos tempos de vida do seu compositor, Gustav Mahler (1860-1911).


Trata-se do Andante do Adágio, primeiro andamento da projectada Sinfonia nº 10 que nunca chegou a ser acabada. Mahler começou a trabalhar nesta obra no Verão de 1910 na sua casa do Tirol, fazendo, sensivelmente na mesma altura, a 12 de Setembro, a estreia absoluta da sua oitava sinfonia em Munique.


No final desse mesmo mês, encontrava-se em Nova Iorque a preparar a sua quarta temporada de concertos.


Em todo este período, Mahler assistiu ao crescente domínio do jovem arquitecto Walter Cropius sobre a sua melhor, Alma, que o abandonou pouco depois. Talvez por isso, o Andante do Adágio é uma música impressionante que espelha o profundo desgosto do compositor que, incapaz de aceitar a perda da mulher, chegou a consultar Sigmund Greud. A Sinfonia nº 10 de Malher deveria ter cinco andamentos. Adágio, Scherzo I, Purgatório, Scherzo II e Finale, mas, além de alguns esquissos muito avançados, somente o primeiro Andamento ficou concluído.

A violinista Carolin Widmann começou a estudar violino aos seis anos.


Recebeu vários prémios, entre os quais o Belmont 2004, da Fundação Forberg-Schneider, em reconhecimento do seu compromisso com “a música do nosso tempo”, e é uma convidada regular de festivais como Banff Festival (Canadá) e o International Musicians Seminar Prússia Cove (Inglaterra).

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