terça-feira, 16 de maio de 2006

Aguadeiros de Lisboa voltam à cidade no Dia Internacional dos Museus

AGUADEIROS VOLTAM ÀS RUAS DE LISBOA

No Dia Internacional dos Museus, o Museu da Água recria esta figura típica e devolve-a ao seu lugar de origem.

A partir das 12:00 entre a Rua Augusta e a Praça do Comércio, os Aguadeiros vão saciar a cede aos transeuntes que com eles se cruzarem.

Exceptuando um número restrito de privilegiados que, por serem proprietários de nascentes ou mercê de concessões especiais, que recebiam directamente nos seus palácios ou conventos a água do Aqueduto das Águas Livres, a população de Lisboa abastecia-se nos chafarizes da cidade.

Uma classe profissional aparece organizada em pleno século XIX na estrutura da Câmara Municipal.

De primordial importância para a cidade, os aguadeiros, sucessores dos açacais de épocas anteriores, percorrem as ruas e calçadas com barris de água às costas, que vão vender a casa de quem pode pagar esse serviço, ao som do característico pregão Aúúúúúúú......!

Organizados em companhias, cada uma das quais chefiadas por um capataz e contando ainda com homens encarregados da manobra das bombas de combate aos incêndios, a cujo Serviço se encontravam também ligados, os cerca de 3.000 aguadeiros distribuíam-se por 29 chafarizes e bicas que, para esse efeito, se encontravam numerados.

Ao peito, em local bem visível, o selo emitido pela Câmara, com as armas da cidade, e que lhes conferia o direito ao exercício da profissão, identificava-os pelo seu número e pelo número da companhia e do chafariz a que pertenciam.

Provinham de todas as regiões do País, mas também de fora, sobretudo da Galiza, de onde eram cerca de metade, trazendo para a cidade a grande variedade e colorido dos seus trajes, bem como os costumes das suas terras.

São eles os actores que desempenham um importante papel no quotidiano da cidade, num cenário que vai sofrendo constantes alterações.
Chafarizes que mudam de sítio, que se renovam e se alteram, fruto de diferentes épocas e diferentes estilos, e que, muitos deles, tal como os aguadeiros, desaparecerão lentamente quando a cidade, a partir dos finais do século XIX, passar a dispor de abastecimento domiciliário de água canalizada.

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