"No Tempo do Okapi" pelo Teatro Oficina
Destinado ao público infanto-juvenil, "No tempo do Okapi", a nova produção do Teatro Oficina é uma verdadeira viagem à génese da nacionalidade portuguesa. Um espectáculo de teatro de marionetas cheio de humor, encenado por Raul Constante Pereira de quem vimos recentemente "Estórias do Dia e da Noite".
João tem um trabalho sobre a História de Portugal para fazer. A professora Palmira disse-lhe: "Amanhã quero duas folhas, quatro páginas, sobre o nascimento da nacionalidade e não quero palha". João não sabia como é que havia de descalçar aquela bota... Os seus pais estavam cansados de mais um dia de trabalho e João não os quis aborrecer. Já era quase meia-noite e ainda não tinha o trabalho para a escola pronto.
No entanto, Okapi, amigo inseparável do João, ao vê-lo em tamanho aperto revela-lhe que tem um fantástico prodígio: possui um dom que lhe permite viajar no tempo e no espaço, atravessando séculos, levando-o a conhecer as raízes e as profundezas do tempo e da nacionalidade.
Na sua primeira viagem, João cai no tempo de Mumadona Dias, onde Vikings a Norte, e Mouros a Sul, se preparam para a batalha. Ao falar com Mumadona, João conhece uma das mais sábias e astutas mulheres do século X. Na segunda viagem, João integra o cortejo real de D. Afonso Henriques que vem apresentar às leais gentes de Guimarães, a rainha D. Mafalda de Sabóia no século XII. João fala com esse homem valoroso e expansionista, tomando nota de tudo o que o rei diz e fazendo alguns desenhos da ornamentada vila. Na terceira viagem, assiste às peregrinações de doentes e aleijados procurando o milagre da Oliveira no século XIII. E por último, João assiste à grave crise da sucessão em 1383, a passagem do poder para as mãos dos Castelhanos, e a sua recuperação pelo Mestre de Aviz, futuro D. João I.
João e o seu amigo Okapi regressam a casa exaustos mas cheios de histórias para o trabalho e para contar aos amigos. João vai levantar-se bem cedo para redigir as quatro páginas que a professora pediu. Terá um sorriso nos lábios, uma vez que a partir desse momento estará pronto a explicar a qualquer pessoa como nasceu Portugal.
Segundo o encenador, Raul Constante Pereira, a criação deste espectáculo veio proporcionar o prazer da continuidade da parceria prática e de reflexão que tem vindo a desenvolver com Fernando Moreira, sobre como, através da utilização do teatro de formas animadas, se pode encontrar registos ficcionais que se ajustem ao universo do público infanto-juvenil. Os pressupostos em que se baseia esta procura não se movem por preocupações morais e pedagógicas, que não devem ser o objecto da criação artística, sob o risco de se perder a eficácia da comunicação e consequentemente a sua própria razão de ser, mas antes a necessidade de encontrar linguagens criativas adequadas ao nosso tempo. Em fazer com que as ideias encontrem nos vários signos teatrais, vibrantes e eficazes impressões que nos levem a reflectir sobre os propósitos da nossa própria condição e do mundo que nos rodeia.
O teatro de formas animadas, arte do irreal tornado real, trata da dicotomia espírito/matéria configurando-se como um meio privilegiado para expressar a materialização de uma ideia. Ao transformar o actor em boneco conferimos à matéria energia e movimento. A intuição, intenção e emoção do actor, a qualidade da sua energia, são fundamentais para que a matéria, contando com a sua própria qualidade, se transforme em objecto dramático e exista o acto teatral. Na revelação ao público do manipulador e do boneco, na exposição da sua relação, na naturalidade dos seus movimentos e intenções pode revelar-se uma invisível realidade de grande harmonia.
A nova produção do Teatro Oficina vai estar em cena nos próximos dias 25, 26, 30 e 31 de Maio às 10h30 e às 15h30, e no dia 27 de Maio às 15h30, no Centro Cultural Vila Flor, em Guimarães.
Consultoria : Joana Cordeiro
Interpretação : Carlos Rego, Cecília Dias, Diana Sá, Emílio Gomes
Execução de Cenografia : José Gonçalves
Marionetas e adereços : Inês Coutinho, Hernâni Miranda, Pedro Esperança, Rosário Matos, Ana Quintino, Maria João Flôxo
Produção : A Oficina
Agradecimentos : Dr. Fernando Santos, Dr.ª Manuela Santos, Limite Zero
Público-alvo: dos 6 aos 12 anos de idade
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